domingo, 27 de fevereiro de 2011

A GAIA de Lovelock



E ae, povo? Antes de mais nada, já vou avisando que o tema de hoje é polêmico!





Muita gente já deve ter ouvido falar de Gaia, a deusa grega da natureza. Gaia, ou Geia, quer dizer terra; é o mesmo nome usado na palavra GEOgrafia, que quer dizer "o estudo da terra". E na década de 1970, com aquele clima "paz e amor, parem as guerras e salvem a natureza", surgiu a teoria de Gaia sobre a evolução da vida na Terra. Durante muito tempo, essa teoria não foi levada a sério por ser mal interpretada, mas ela é científica e merece respeito.
James Lovelock, um químico atmosférico, retratou a biosfera como um imeeeenso corpo vivo que ele chamou de GAIA. A idéia que Lovelock quis passar foi a de que a vida se manifesta em escala planetária, e que o nosso planeta é auto-regulador, assim como um ser vivo. Embora essa teoria pareça tratar a Terra de maneira mais poética que científica, hoje a teoria de Lovelock tem sido levada mais a sério, pois várias evidências a corroboram.
Por exemplo, a Terra tem uma concentração muito alta de O2 e muito baixa de CO2 com relação a outros planetas do sistema solar. Essa anomalia atmosférica é resultado da atividade incessante de organismos, os quais trocam gases. A fisiologia da diminuta célula amplia-se na fisiologia global da biosfera. Outra evidência a favor dessa teoria é que o sal deveria se acumular nos oceanos em concentrações perigosas para formas de vida não bacterianas. Contudo, os oceanos continuam hospitaleiros para os organismos sensíveis ao sal há pelo menos 2 bilhões de anos. É possível que os microorganismos que vivem no mar estejam estabilizando os níveis de acidez e salinidade dos oceanos em escala global, pois eles realizam processos como o bombeamento de sódio, cálcio e cloreto para dentro das células; e formam baixios evaporatórios no oceano que muitas vezes são mantidos por barreiras de corais ou por areia grudada com muco microbiano. A diminuição das concentrações de sal no mar é resultado da fisiologia global.
Os defensores da teoria de Gaia dizem que a auto-regulação da Terra é uma propriedade que emerge quando os muitos organismos que nela vivem trocam gases e genes; crescem e evoluem. Assim, chamar nosso planeta de um organismo vivo é empregar uma figura de linguagem, e essa metáfora reforça o fato de que, assim como a regulação da temperatura do nosso corpo brota das relações entre as células que o compõem, a regulação planetária surge a partir das interações entre os habitantes vivos da Terra.
A autosustentação da Terra, segundo a teoria de Gaia, deriva do comportamento vivo de uma infinidade de organismos; a fisiologia planetária é o efeito total que os seres vivos comuns causam no nosso planeta. A vida é a superfície da Terra.
Para saber mais, novamente indico o livro O que é vida?, escrito por Lynn Margulis e Dorian Sagan.